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- Loop de quadro para OM:
A teoria:
Depois de alguns testes
com diversas antenas, sempre levando em consideração a experiência adquirida
pelos praticantes do DX nesta região do espectro, ficou claro que a antena mais
eficiente e mais difundida é a loop de "quadro".
Uma vez construida, apresenta
um diagrama de captação bi-direcional, com nulos profundos em 2 direções
opostas, que são importantes para a rejeição de emissoras interferentes, por
exemplo.
Sendo uma bobina e, ao mesmo
tempo, uma antena balanceada, a simetria à torna praticamente insensível à
componente elétrica do sinal eletromagnético próximo. Isto significa que ela
é capaz de rejeitar os ruídos elétricos em suas proximidades, desde que não
esteja desequilibrada pela presença de objetos próximos (paredes, muros,
telas, cercas, terrenos inclinados, etc). A capacitância existente entre a
antena e estes objetos causa o desequilíbrio.
Trata-se de uma bobina com
dimensões características e técnicas específicas de construção, ressonante
na frequência de operação, onde as premissas para um bom desempenho são:
Área: a eficiência na
transformação dos sinais eletromagnéticos em voltagem disponível para o
receptor é vinculada à área. Podemos ter a mesma indutância nesta bobina, de
diversas formas: áreas pequenas e muitas espiras ou áreas grandes e poucas
espiras. Quem determina a performance é a área.
Indutância:
dimensionada em função do capacitor disponível para levar esta antena à
ressonância. Os capacitores variáveis comercialmente disponíveis apresentam
uma capacitância máxima de 360 ... 410 pf por secção. A capacitância
mínima varia de 10 a 20 pf.
Capacitância distribuída:
qualquer indutor apresenta a chamada capacitância entre espiras. Isso significa
que uma bobina qualquer naturalmente ressonará em uma determinada frequência.
Neste tipo de antena, esta frequência de ressonância seria a frequência mais
alta onde esta antena seria eficiente. Portanto ao realizar uma determinada
antena, se as espiras forem muito próximas, a capacitância distribuida será
grande, dificultando, pelo uso de um capacitor variável qualquer, a variação
da frequência de operação na extensão pretendida (digamos de 500 a 1650
KHz).
Fator "Q":
Inteiramente dependente das técnicas de construção e dos materiais
utilizados. Uma antena realizada com fio de alumínio sobre uma forma de PVC
terá um "Q" menor do que uma realizada com fio de cobre nu e
estrutura adequada, onde este fio é sustendado por dielétrico de baixa perda
(teflon, fibra de vidro, etc). Assim como a área, o "Q" é o segundo
elemento responsável pela eficiência na transdução dos sinais
eletromagnéticos em sinais elétricos.
Simetria: maior o
cuidado na geometria, maior a profundidade dos nulos obtidos e maior a
habilidade em rejeitar o campo elétrico próximo.
Eficiência no acoplamento
antena <> receptor: uma bobina destas, construída com as técnicas
adequadas, pode facilmente apresentar um "Q" entre 300 e 700. Quando
em ressonância, a impedância deste circuíto pode variar de 300 KW
à 2 MW!.
Assim sendo, para a maior eficiência, há de se providenciar uma
transformação de impedâncias adequada àquela existente à entrada do
receptor.
Existem diversas técnicas: uma
espira adicional no mesmo plano da antena, de dimensões variáveis, uso de
amplificadores isoladores de alta impedância de entrada, baluns conectados à
pontos específicos da bobina principal da antena e etc. A maior eficiência
sempre ocorrerá com o método de acoplamento que menos impacte no Q do
circuíto e, assim mesmo, provendo a transformação adequada de impedâncias.
Optei pelo uso de um
amplificador isolador, de ganho unitário, com alta impedância de entrada e
baixa impedância de saída, conectado diretamente aos terminais do circuito
ressonante. Por que: utilizando-se as combinações corretas entre área,
indutância, e capacitância e "Q" do conjunto, de forma artificial
temos um circuito equivalente à um monopolo vertical de dimensões respeitáveis.
A tensão AC obtida nos terminais desse circuito ressonante, quando imerso no
campo eletromagnético, são naturalmente elevadas. Basta que lembremos dos
tradicionais receptores Galena. Então nada mais razoável
do que simplesmente transferir essa tensão ao receptor, desde que mantendo o
circuíto ressonante "à salvo" das perturbações que existiriam ao
se conectar qualquer outra coisa que diminuísse o "Q" do mesmo.
Aquela espira tradicional para
acomplamento ao receptor poderia ser utilizada, é claro. Mas ela altera o
"Q" do circuito ressonante principal. Uma das virtudes destas antenas
é, devido ao seu alto "Q", rejeitar os sinais nas adjacências.
Quanto mais alto o "Q", mais limpo é o espectro existente à entrada
do receptor. Além disso, por mais acoplamento que exista entre antena e espira
de captação, esta segunda será sempre um elemento não ressonante e mais um
item sujeito aos desequilíbrios. Assumí assim que ela poderia reduzir a
eficiência na redução do ruído elétrico.
Um outro ponto à considerar,
em relação ao uso desta técnica da espira de acoplamento é: numa
realização prática, o elemento ressonante tem impedância entre 300 KW
e 2 MW.
Para a cobertura de toda a faixa de OM, com um capacitor variável de 10 à 360
pF, por exemplo, a indutância da bobina principal deveria ser de uns 280 mHy.
Se a área escolhida for maior do que 1m², esta bobina principal terá poucas
espiras, de 10 à 14. Ora, na melhor das hipóteses, há uma relação entre
espiras de 14:1. A transformação de impedâncias ocorre em função do
quadrado desta relação. Ou seja, (14²):(1²), o que resultaria em uma
relação de transformação de impedâncias de 196:1. Com estes dados, os 300 KW
seriam transformados em 1500 W
e os 2 MW
em 10200 W.
A voltagem AC recuperada nos
terminais do circuíto ressonante serial menor nesta espira de captação do que
no circuíto ressonante. A potência seria a mesma, mas a voltagem menor.
O que me seduziu então no
sentido de utilizar um amplificador isolador de ganho unitário foi isto: a
voltagem AC existente no circuito ressonante já é razoavelmente grande,
dispensando ganho. Desta forma, o ruído introduzido pelo
amplificador seria mínimo. Na realidade, este sinal é tão grande para as
situações reais, que este amplificador isolador requer então alguns cuidados. Pode,
mesmo com o ganho unitário, saturar facilmente.
Por isso passei à considerar o
uso de uma válvula: uma 12AT7 (duplo triodo) na configuração de seguidor de catodo
como elemento ativo. Sendo um componente eletrônico que trabalha com alta
tensão, a chance de saturação é menor, assim como a capacidade de conviver
com sinais intensos e mínimos, adjacentes, também.
Uma particularidade desdes
buffers de ganho unitário, nesta configuração "seguidor de catodo",
é a impedância característica de saída. A de entrada é praticamente
definida pelo resistor que existirá conectado à grade (ou nenhum resistor, se
as grades da válvula forem conectadas diretamente à antena e um center-tap
desta antena for o retorno para o terra). Mas a impedância de
saída é aproximadamente igual à (1 / transcondutância).
Estudando as características
de vários duplo-triodos comuns (12AT7, 12AX7, 12AU7, E88CC, etc) e considerando o uso
de um transformador de saída, tipo balun de banda larga, com uma relação de
transformação de impedâncias que poderia ir de 1:1 à 16:1, aquela que mais
pareceu adequada foi a 12AT7. A transcondutância da mesma, no regime correto de
operação (160V @ 8mA por secção), é algo em torno de 4500 mmohs.
Daí que (1 / 4500 = 220 W).
Como são 2 triodos, afinal o
buffer é balanceado, os pontos de conexão do transformador de saída
apresentam uma impedância de 220 + 220 = 440 W.
O tal balum 9:1 facilmente converte estes 440 W
em 50 W
para conexão ao receptor.
Haveria a preocupação com o
ruído introduzido por elementos ativos. Porém o ruído existe tanto nos
componentes ativos como nos passivos. Todos os elementos utilizados têm uma
resistência: o fio da antena tem, o circuito ressonante tem, a válvula tem,
etc. Quanto maior a resistência, maior o ruído gerado à temperatura ambiente.
No caso da válvula, a
resistência equivalente da 12AT7 é de 8 KW.
Já a antena com seus 300 KW
à 2 MW
é, na realidade, a maior fonte de ruído térmico. Neste caso o uso de um
componente ativo não é o determinante do ruído do sistema.
Para se determinar a tensão
RMS do ruído gerado por qualquer elemento resistivo, em uma determinada banda
passante (por exemplo em um "canal" de 10KHz de AM) usamos a seguinte
fórmula:
Onde:
-
Constante de
Boltzmann => kb = 1.3806505 x 10-²³
-
Temperatura
absoluta em ºK => T = 273.15 +9º (em ºC)
-
Banda passante
considerada => 10000 Hz
-
Resistência a
considerar => R (em W)
De posse destes
dados, uma tabela com os ruídos térmicos gerados por diversos valores de
resistência, à 25ºC, por exemplo:
Elemento |
Ruído
@ 10KHz BW (em Vrms) |
Resistor
50W |
0,09073488
uV |
Resistor
600W |
0,31431485
uV |
Resistor
300 KW (Z
antena na freq mais alta) |
7,0282379
uV |
Resistor
1.8 MW (Z
antena na freq mais baixa) |
17,215733
uV |
Resistor
12 KW (Resistência
interna 12AT7) |
1,40565876
uV |
Resistor
470 KW (grade
12AT7, bias eventual varicap) |
8,797073
uV |
Ou seja, a
válvula em si é o menor dos problemas. Já algum cuidado deve ser tomado com
os resistores de polarização de grade pois gerando 8uV, equivalem-se ao ruído
da própria antena na frequência mais baixa de operação. Teríamos assim duas
fontes de ruído, praticamente de mesma intensidade, em paralelo. Dois geradores
de ruído se somando, e como estamos falando de tensão, estamos falando de 6dB
à mais em ruído (1 unidade S, ou ainda uma relação sinal/ruído deteriorada
em 6dB).
Mas não há por
que sermos alarmistas, afinal há uma relação custo-benefício a considerar. A
antena apresenta a maior altura equivalente justamente na frequência mais alta,
onde a impedância - e consequentemente o ruído térmico - são maiores.
Se calcularmos a
tensão AC existente nos terminais dessa antena, para uma intensidade de campo
de - digamos - 1mV/m, descobriremos os seguintes valores aproximados:
-
500 KHz @
1mV/m => tensão nos terminais da antena, sem capacitor de
sintonia = 150uV (0,15mV)
500 KHz @ 1mV/m => tensão nos terminais da antena, com capacitor
de sintonia = 2920uV (2,9mV)
-
1600 KHz @
1mV/m => tensão nos terminais da antena, sem capacitor de
sintonia = 480uV (0,48mV)
1600 KHz @ 1mV/m => tensão nos terminais da antena, com capacitor
de sintonia = 12140uV (12mV)
Passo seguinte
seria o cálculo para descobrir a relação em dB entre o sinal recuperado pela
antena, em sintonia, em relação ao ruído do tal resistor. Perceberemos que,
na realidade, o impacto na relação sinal/ruído é desprezível.
Um ensaio ainda
não realizado é uma medição usando emissoras locais, com a antena
sintonizada por um capacitor variável isolação à ar, um com isolação de
filme plástico (destes de rádios portáteis) e com a sintonia por conta de um
varicap tipo NTE618 (20 à 450pf). Determinar até que ponto podemos relaxar em
relação ao elemento de sintonia é necessário pois afinal é muito mais
fácil prover uma tensão variável à um componente à distância (varicap) do
que a utilização de um capacitor variável com isolação à ar e o mecanismo
associado para posicioná-lo na capacidade correta (motores DC ou de passo,
caixa de redução, incicador de sintonia e etc).
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